Depois de tudo o
que foi visto, debatido, analisado e definido na Conferência Rio + 20 o que
restou para a população da Amazônia, além da grande expectativa e algum receio,
foi a certeza de que, pelo menos durante os próximos 10 anos nada de
investimentos na a estruturar a região para os que aqui permaneceram e os que
para aqui vieram.
A Amazônia está
se transformando em uma mina de geração de energia elétrica limpa para todo o
Brasil e alguns dos países fronteiriços, sacrificando rios e regiões inteiras,
sem ter a certeza de que vai ser recompensada por isso.
A insatisfação
dos trabalhadores atuais já é um dos motivos para que os habitantes da região
fiquem com os dois pés atrás, observando o que estão fazendo e não podendo
fazer nada a não ser reclamar.
As instituições,
principalmente o Ministério Público e o Governo do Estado, não estão preparadas
para atuar nas emergências que possam apresentar soluções em longo prazo e nos
acordo compensatórios que possam garantir aos povos daqui, pelo menos um “troco
social” para que não fique sentindo falta do apoio que lhe dava a floresta e
que foi inundada ou que foi simplesmente eliminada.
Por enquanto as
coisas estão acontecendo com mais intensidade no Estado do Pará, mas já foram
fincados os primeiros tentáculos por aqui, principalmente na calha do Rio
Araguari, com a desculpa de que estarão construindo usinas de energia elétrica
a partir do potencial hidráulico do Rio.
Nada está sendo
acompanhado e por ninguém.
Nem mesmo a
Assembléia Legislativa, órgão estadual com atribuições constitucionais para
licenciar esses empreendimentos, não está preparada com equipamento e pessoal
para fazer, pelo menos, os registros dos estragos que estão sendo ampliados,
todos os dias, e que já afetam, diretamente, os costumes dos povos que vivem no
entorno daquele Rio, que era tido como o grande fornecedor de alimentos,
principalmente o peixe, para os moradores do local.
Precisa alguém
tomar cuidado, e logo, para que não tenhamos dificuldades para justificar para
as futuras gerações o que está acontecendo agora, sem qualquer registro ou
manifestação corretiva de autoridades públicas ou organizações privadas.
É certo que não
dá mídia e, ao contrário, dá muito trabalho, exige conhecimento e precisa de
acompanhamento.
Tomara que os
procuradores e promotores do Amapá, fiscais das leis, tenham tempo para
perceber o que está acontecendo e alertar à todos, pois os moradores dos locais
em modificação, vão precisar de uma resposta tão logo não tenham mais o peixe,
a caça e os frutos que sempre teve ao longo de suas vidas.
Não podemos,
nesse momento, cultivar os nossos costumes urbanos, precisamos perceber que o
Estado é formado por uma pequena parte, a urbana e uma grande parte a não
urbana e rural.
A hora é de
acompanhar. E quem tem a responsabilidade que o faça.
Até agora
ninguém conseguiu identificar qual o órgão do Estado ou da União ou mesmo dos
municípios que tem poder de polícia para interferir e evitar os erros que,
todos os dias, estão sendo cometidos, seja pela ação extraprojeto das empresas
que estão no local; ou pela exploração de áreas que não estão nos planos
decorrentes dos estudos de impacto ambiental.
A questão é
séria, precisa ser levada em consideração, para que os organismos que possam
evitar o pior entrem em ação enquanto é tempo.
Da mesma forma
como a Rio + 20 atraiu autoridades daqui para o Rio de Janeiro, neste mês de
junho, é preciso que essas autoridades também sejam atraídas para o Araguari +
0, também, enquanto é tempo.
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