domingo, 24 de junho de 2012

MEIO AMBIENTE - ARAGUARI + 0

Rodolfo Juarez
Depois de tudo o que foi visto, debatido, analisado e definido na Conferência Rio + 20 o que restou para a população da Amazônia, além da grande expectativa e algum receio, foi a certeza de que, pelo menos durante os próximos 10 anos nada de investimentos na a estruturar a região para os que aqui permaneceram e os que para aqui vieram.
A Amazônia está se transformando em uma mina de geração de energia elétrica limpa para todo o Brasil e alguns dos países fronteiriços, sacrificando rios e regiões inteiras, sem ter a certeza de que vai ser recompensada por isso.
A insatisfação dos trabalhadores atuais já é um dos motivos para que os habitantes da região fiquem com os dois pés atrás, observando o que estão fazendo e não podendo fazer nada a não ser reclamar.
As instituições, principalmente o Ministério Público e o Governo do Estado, não estão preparadas para atuar nas emergências que possam apresentar soluções em longo prazo e nos acordo compensatórios que possam garantir aos povos daqui, pelo menos um “troco social” para que não fique sentindo falta do apoio que lhe dava a floresta e que foi inundada ou que foi simplesmente eliminada.
Por enquanto as coisas estão acontecendo com mais intensidade no Estado do Pará, mas já foram fincados os primeiros tentáculos por aqui, principalmente na calha do Rio Araguari, com a desculpa de que estarão construindo usinas de energia elétrica a partir do potencial hidráulico do Rio.
Nada está sendo acompanhado e por ninguém.
Nem mesmo a Assembléia Legislativa, órgão estadual com atribuições constitucionais para licenciar esses empreendimentos, não está preparada com equipamento e pessoal para fazer, pelo menos, os registros dos estragos que estão sendo ampliados, todos os dias, e que já afetam, diretamente, os costumes dos povos que vivem no entorno daquele Rio, que era tido como o grande fornecedor de alimentos, principalmente o peixe, para os moradores do local.
Precisa alguém tomar cuidado, e logo, para que não tenhamos dificuldades para justificar para as futuras gerações o que está acontecendo agora, sem qualquer registro ou manifestação corretiva de autoridades públicas ou organizações privadas.
É certo que não dá mídia e, ao contrário, dá muito trabalho, exige conhecimento e precisa de acompanhamento.
Tomara que os procuradores e promotores do Amapá, fiscais das leis, tenham tempo para perceber o que está acontecendo e alertar à todos, pois os moradores dos locais em modificação, vão precisar de uma resposta tão logo não tenham mais o peixe, a caça e os frutos que sempre teve ao longo de suas vidas.
Não podemos, nesse momento, cultivar os nossos costumes urbanos, precisamos perceber que o Estado é formado por uma pequena parte, a urbana e uma grande parte a não urbana e rural.
A hora é de acompanhar. E quem tem a responsabilidade que o faça.
Até agora ninguém conseguiu identificar qual o órgão do Estado ou da União ou mesmo dos municípios que tem poder de polícia para interferir e evitar os erros que, todos os dias, estão sendo cometidos, seja pela ação extraprojeto das empresas que estão no local; ou pela exploração de áreas que não estão nos planos decorrentes dos estudos de impacto ambiental.
A questão é séria, precisa ser levada em consideração, para que os organismos que possam evitar o pior entrem em ação enquanto é tempo.
Da mesma forma como a Rio + 20 atraiu autoridades daqui para o Rio de Janeiro, neste mês de junho, é preciso que essas autoridades também sejam atraídas para o Araguari + 0, também, enquanto é tempo.

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