Rodolfo Juarez
O Acordo de Paris
está sob intensa pressão. Essa informação é sustentada pelos relatórios
recentes, 2025, da Organização das Nações Unidas (ONU), muito embora o Acordo
tenha apresentado progressos em áreas como energia renovável, o mundo continua
muito distante da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis
pré-industriais.
A avaliação atual
revela uma grande lacuna entre os compromissos dos países e as ações
necessárias.
São muitos os
desafios a serem vencidos, uma vez que as constatações atuais, apesar do Acordo
de Paris exigir que os países submetam Contribuições Nacionalmente Determinadas
(NDCs) e cada vez mais ambiciosas a cada cinco anos, a maioria dos compromissos
atuais ainda é insuficiente.
Há atrasos na
submissão de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), uma vez
que, em meados de 2025, a maioria dos países signatários ainda não havia
atualizado suas metas climáticas para a próxima década, como esperado para o
final do ano. Isso coloca em risco o ciclo de ambição quinquenal do acordo.
Os relatórios mais
recentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as emissões
globais de gases de efeito estufa (GEE) continuam crescendo, em vez de diminuírem.
A tendência de
aquecimento atual coloca o planeta em uma trajetória de aumento de temperatura
de cerca de 2,7°C até o final do século, superando em muito a meta de 1,5°C.
O financiamento
para nações em desenvolvimento continua sendo um grande ponto de discórdia. Na
COP29 de 2024, a meta de ajuda financeira alcançada foi considerada
"insignificante" por muitos países em desenvolvimento, que estão
entre os mais vulneráveis aos impactos climáticos. A necessidade anual de
financiamento para nações em desenvolvimento está estimada em US$ 1,3 trilhão
até 2035.
A saída e o
retorno de grandes economias ao acordo, como a dos Estados Unidos em 2025
(programada para 2026), causam incerteza e podem impactar a cooperação global.
Mas nem tudo foi
muito difícil e se pode vislumbrar pontos de progresso e esperança como o
avanço em energia renováveis uma vez que houve
crescimento significativo na capacidade de energia limpa, como a solar e a
eólica, o que é um ponto positivo, embora ainda precise ser acelerado.
A
COP29 de 2024 avançou na aprovação de regras para o Artigo 6 do Acordo de
Paris, que trata da regulamentação do mercado global de créditos de carbono.
Como
anfitrião da COP30 em 2025, o Brasil tem uma oportunidade de liderar pelo
exemplo. O país se comprometeu a apresentar metas mais ambiciosas para 2035,
com o objetivo de reduzir as emissões em até 67% em relação aos níveis de 2005.
No
entanto, a implementação efetiva dessas políticas e o controle do desmatamento
na Amazônia continuam sendo desafios cruciais.
A próxima Conferência do Clima (COP30) no Brasil será um momento crítico para avaliar os progressos. O relatório de 2025 da ONU reforça a urgência de aumentar a ambição e a ação concreta. A pressão sobre os governos é grande para que transformem compromissos em ações reais, foquem na transição para energias renováveis e na eliminação dos subsídios a combustíveis fósseis.
