quinta-feira, 23 de outubro de 2025

O Acordo de Paris, sob intensa pressão, modifica as metas

Rodolfo Juarez

O Acordo de Paris está sob intensa pressão. Essa informação é sustentada pelos relatórios recentes, 2025, da Organização das Nações Unidas (ONU), muito embora o Acordo tenha apresentado progressos em áreas como energia renovável, o mundo continua muito distante da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

A avaliação atual revela uma grande lacuna entre os compromissos dos países e as ações necessárias. 

São muitos os desafios a serem vencidos, uma vez que as constatações atuais, apesar do Acordo de Paris exigir que os países submetam Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e cada vez mais ambiciosas a cada cinco anos, a maioria dos compromissos atuais ainda é insuficiente.

Há atrasos na submissão de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), uma vez que, em meados de 2025, a maioria dos países signatários ainda não havia atualizado suas metas climáticas para a próxima década, como esperado para o final do ano. Isso coloca em risco o ciclo de ambição quinquenal do acordo.

Os relatórios mais recentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) continuam crescendo, em vez de diminuírem.

A tendência de aquecimento atual coloca o planeta em uma trajetória de aumento de temperatura de cerca de 2,7°C até o final do século, superando em muito a meta de 1,5°C.

O financiamento para nações em desenvolvimento continua sendo um grande ponto de discórdia. Na COP29 de 2024, a meta de ajuda financeira alcançada foi considerada "insignificante" por muitos países em desenvolvimento, que estão entre os mais vulneráveis aos impactos climáticos. A necessidade anual de financiamento para nações em desenvolvimento está estimada em US$ 1,3 trilhão até 2035.

A saída e o retorno de grandes economias ao acordo, como a dos Estados Unidos em 2025 (programada para 2026), causam incerteza e podem impactar a cooperação global.

Mas nem tudo foi muito difícil e se pode vislumbrar pontos de progresso e esperança como o avanço em energia renováveis uma vez que houve crescimento significativo na capacidade de energia limpa, como a solar e a eólica, o que é um ponto positivo, embora ainda precise ser acelerado.

A COP29 de 2024 avançou na aprovação de regras para o Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da regulamentação do mercado global de créditos de carbono.

Como anfitrião da COP30 em 2025, o Brasil tem uma oportunidade de liderar pelo exemplo. O país se comprometeu a apresentar metas mais ambiciosas para 2035, com o objetivo de reduzir as emissões em até 67% em relação aos níveis de 2005.

No entanto, a implementação efetiva dessas políticas e o controle do desmatamento na Amazônia continuam sendo desafios cruciais. 

A próxima Conferência do Clima (COP30) no Brasil será um momento crítico para avaliar os progressos. O relatório de 2025 da ONU reforça a urgência de aumentar a ambição e a ação concreta. A pressão sobre os governos é grande para que transformem compromissos em ações reais, foquem na transição para energias renováveis e na eliminação dos subsídios a combustíveis fósseis.  

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