quinta-feira, 23 de maio de 2024

O paciente renal crônico não tem futuro no Amapá

Rodolfo Juarez

Desde o mês que passou, abril, que estou em Belém buscando uma oportunidade para continuar vivendo a vida, sem os atropelos pelos quais passa um paciente renal crônico como eu.

Mesmo com essa questão muito pessoal, a constatação mais importante que fiz é de que, a cidade de Macapá tem condições de oferecer aos seus residentes como eu, a oportunidade de fazer transplante de rim, uma necessidade enfrentada por mais de 900 pacientes que são atendidos com filtração mecânica nas clínicas públicas e particulares instaladas aqui na capital do estado.

Os exames de sangue e de imagem, necessários para a inserção do paciente na lista única de transplante de rim no Brasil, são absolutamente possíveis de serem feito em Macapá, para tanto basta um dirigentes público se interessar pelo assunto.

Passei exatamente um mês em Belém e ao retornar para Macapá, base do meu trabalho, volto convicto que se trata de um assunto de interesse da população, de interesse das famílias que aqui moram e que têm entre os seus um paciente renal crônico.

Se o prefeito - de Macapá ou de Santana - ou um secretário de saúde do município de Macapá ou de Santana, ou do Governo do Estado se interessar pelo assunto e pelas famílias que assumiram a responsabilidade de cuidar de um paciente renal crônico, não tenho dúvidas: quaisquer das duas cidades pode receber, a baixo custo, considerando a importância do assunto e que vem com a obrigação constitucional de ser tratado com esmero e zelo, se torna viável.

Muitos pacientes já se foram precocemente e outros estão na iminência de ir deixando para traz um história incompleta e a falta muito grande para todos os seus familiares que vão lamentar por não ter a oportunidade de continuar vivendo em Macapá.

O que pode parecer incrível é a mais pura realidade: a hemodiálise é mais cara do que um ambiente para transplante, somados aos custos com a equipe médica e paramédica, com a diferença de que a hemodiálise apenas adia a morte do paciente, enquanto o transplante devolve a vida normal ao transplantado.

É exagero? Não, é a mais pura realidade, com o agravante de que o enfrentamento das necessidades do paciente renal crônico é mais custoso para a sociedade, sob todos os aspectos, do que um transplante de rim.

Já passou da hora desse assunto ser tratado com mais cuidado pelas autoridades do setor saúde no Amapá. Acredito até, que um argumento verdadeiro dos agentes públicos de saúde, seria suficiente para levar ao prefeito de Santana, ou ao prefeito de Macapá, ou ao Govenador do Estado a tomar a decisão de tornar Macapá, como todas as outras capitais, em um polo de transplante de rim, passo inicial para o transplante de outros órgãos.

Macapá, no Amapá, e Boa Vista, em Roraima, foram as únicas capitais que, no ano passado, 2023, não anotaram transplante em sua lista local.

Esse estágio é injustificável para os governantes! Mas é o estágio atual, que precisa e deve mudar.

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