Rodolfo Juarez
O modelo social que
a própria sociedade arquiteta para a população brasileira, através dos seus
ícones, principalmente os que estão em exercício nos cargos públicos, bem
remunerados pelo contribuinte, ainda não conseguiu dar uma resposta clara e
objetiva quando o assunto é mais urgente e exige mais qualificação ou
capacidade de investimento.
O que está
registrado na memória recente dos brasileiros e de seus vizinhos de outras
nacionalidades, é a incapacidade de previsão que imaginava ser apenas do tempo,
mas, já é convicção consolidada, de que o sistema brasileiro de atendimento
social é um grande mutirão que se forma na base da vontade e do improviso.
Quem duvida disso
deve prestar atenção para observar que, mesmo no momento de maior necessidade,
há a instalação do improviso, da falta de planejamento e de visão daqueles que
tinham a obrigação de orientar para que as dificuldades não atingissem o tamanho
que atingem, todas as vezes que um fenômeno diferente ou um acidente na
geografia do território, acontece.
A estrutura pública
instalada no Brasil não está preparada para receber apoio extraordinário e
modificado, quando assim é preciso se comportar. Há aqueles que querem, até
nesses momentos, tirar algum proveito, seja mediato ou imediato, agindo, na
maioria das vezes, contra a lei.
Não cessam os
fenômenos climáticos extraordinários pela vontade, desejo ou promessa de quem
quer que seja.
No episódio do Rio
Grande do Sul, um estado considerado um dos mais ricos do Brasil, o que se vê é
o improviso, muito embora, nos limites do próprio estado, haja inteligências
castradas nas suas iniciativas pelas tomadas de decisão irresponsáveis dos seus
dirigentes e que têm sempre foco na reeleição.
O que acontece no
Rio Grande do Sul, esse maravilhoso estado brasileiro, habitado por gente
inteligente, que conhece a sua realidade, e que conta com pessoas que não são
ouvidas ou têm os seus estudos levados em consideração.
Se percebe bem isso
pela grande mídia, se assim se dizer das emissoras de televisão, que divulgam,
com destaque, a desgraça do povo, da população, trazendo para o primeiro plano
da tela da TV o choro e o sofrimento dos diretamente prejudicados.
O importante para a
grande mídia, mesmo nos momentos mais crítico, é a audiência. Se estiver baixa,
manda o estúdio todo para o local da desgraça, se estiver satisfatória,
aproveita o tempo para repetir, à exaustão, um acontecimento ou um fato que
despertou o interesse do telespectador, confortavelmente instalado nas
poltronas de suas ricas casas, lamentando o que aconteceu, isso quando assim
faz.
As redes sociais,
não fossem os seus exageros ideológicos, seriam o informante mais confiável,
pois, feita por semiprofissionais ou amadores, alcança os objetivos que é
informar. Devemos nos preparar por aqui, pelo Norte do Brasil, pois não temos
razão para nos classificarmos como imune aos fenômenos da natureza.
O amazônida, mesmo
acostumado com os sacrifícios sociais a que é submetido, de certa forma está
“vacinado” contra esses graves acidentes climáticos. Se pode asseverar isso
observando as edificações no interior, seja de madeira, palha ou tijolo, todas
defendendo-se da maré alta, dos ventos e das intempéries. Na cidade, sem
fiscalização ou interesse, invade-se ressacas, assoreiam-se os rios e
prejudicam a ordem urbana.
Se pode dizer,
entretanto, que a engenharia do caboclo, sem qualquer valorização, ao que
parece, tem o respeito da natureza.
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