Rodolfo Juarez
Ainda temos que
caminhar muito, mas muito mesmo, para que o sistema público de saúde do Estado
do Amapá preste um bom serviço para aqueles que procuram, todos os dias, as unidades
de saúde administradas por quaisquer das prefeituras municipais dos municípios
do Estado ou as unidades de saúde administradas pelo Governo do Estado.
A população vem
observando e aprovando, as melhorias estruturais e funcionais que estão sendo
realizadas nos prédios das unidades de saúde, seja aquele destinado a um
simples posto médico, ou o que se destina a uma unidade de saúde pública, ou
mesmo de um hospital que, na capital ou no interior, atendem o público diverso.
Os grandes
problemas, entretanto, são mais difíceis de serem enfrentados, uma vez que as
administrações, tanto as municipais como a estadual, estão impotentes para
enfrentar a falta de médicos e o interesse deles em faturar mais, ganhar mais e
descansar mais. Um problema que se agrava com a falta de profissionais para
atender os pacientes.
São várias as
especialidades médicas que não estão disponibilizadas para a população que,
entretanto, padece dos mesmos males, catalogados nos grandes centros e que são
enfrentados por médicos especializados, interessados.
A má vontade, com
raras e honrosas exceções, está demonstrada logo nas primeiras palavras do
médico que atende a um paciente sem, sequer, olhar na cara daquele que precisa,
muitas vezes, de uma palavra a mais para voltar a confiar no sistema e no “seu”
médico.
“Eu vou sair de
férias e, quando voltar vou marcar a sua consulta.”
Quando o senhor
volta? Diz a paciente, com cara de dor e muito preocupada.
Ah! No começo de
agosto...
Essas perguntas e
respostas, com ligeiras variações, são repetidas diversas vezes durante o dia,
em consultórios públicos e, pasmem, em consultórios privados.
Além disso, o
médico faz com que os pacientes, alguns já no limite da resistência, espere por
três ou quatro horas para ser atendido e, esse atraso é medido pela hora
anteriormente marcada pelo próprio médio ou atendente.
E não faz diferença
se o atendimento está sendo feito em um posto médico, em uma unidade de saúde
pública, ou em um dos hospitais públicos.
No hospital privado
mais importante que atende em Macapá, a situação ainda está pior. Depois de
vender mais plano de saúde do que pode atender, aquela unidade vive com todos
os seus leitos ocupados e, quando o atendimento é de urgência, mais urgente tem
que ser o depósito na tesouraria daquele hospital, sempre de alta quantia,
sempre acima de dez mil reais.
Enquanto a família
ou o paciente não paga, nada de atendimento!
Assim, estamos em
uma encruzilhada, onde a população é mal atendida por falta de médicos, e a
falta de médico causa o péssimo atendimento médico da população.
As entidades de
saúde pública precisam entrar forte nesse meio para adotar um modo de
disciplina organizacional onde o doente, que quer ser paciente, volte a ter
confiança neste sistema de saúde.
Não dá para
continuar assim. É preciso substituir o comando do sistema que, atualmente,
está nas mãos dos médicos. A população tem mostrado confiança, mas, são muitas
as evidências de que essa confiança tem sido vilipendiada, sendo alvo de
humilhação, de ofensas, de velada injúria, desprezada e tratada com desdém.